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Probióticos em Alimentos: Como Navegar pelas Regulamentações em Portugal e na União Europeia

Ingrid Ruiz

A incorporação de probióticos em alimentos tem ganhado destaque devido aos seus potenciais benefícios à saúde. No entanto, ao considerar a introdução de produtos com probióticos no mercado português, é importante compreender e aderir às regulamentações da União Europeia (UE) e de Portugal para garantir a segurança dos consumidores e a conformidade legal.



Definição e Classificação de Probióticos


Probióticos são microrganismos vivos que, quando administrados em quantidades adequadas, conferem benefícios à saúde do hospedeiro. Na UE, a classificação de produtos contendo probióticos depende de diversos fatores, incluindo composição, forma de apresentação e alegações de saúde associadas. Eles podem ser categorizados como alimentos, suplementos alimentares ou, em alguns casos, medicamentos, cada um sujeito a regulamentações específicas.


Quadro Regulatório na União Europeia


  • Segurança Alimentar: O Regulamento (CE) n.º 178/2002 estabelece os princípios gerais da legislação alimentar na UE, assegurando que apenas alimentos seguros sejam colocados no mercado. Os operadores são responsáveis por garantir a segurança dos seus produtos em todas as etapas da cadeia alimentar.

  • Critérios Microbiológicos: O Regulamento (CE) n.º 2073/2005 define critérios microbiológicos para géneros alimentícios, incluindo limites para microrganismos específicos, assegurando a higiene durante o processamento e a segurança dos alimentos ao longo do seu prazo de validade.

  • Aditivos Alimentares: A utilização de aditivos, como culturas probióticas, é regulada pelo Regulamento (CE) n.º 1333/2008, que estabelece listas de substâncias autorizadas e condições de uso.


Alegações de Saúde e Nutrição


A comunicação de benefícios à saúde associados a probióticos deve estar em conformidade com o Regulamento (CE) n.º 1924/2006, que regula as alegações nutricionais e de saúde nos alimentos. A Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA) avalia cientificamente essas alegações. Até o momento, muitas alegações relacionadas a probióticos não foram aprovadas devido à insuficiência de evidências científicas robustas. Portanto, é essencial que as empresas garantam que quaisquer alegações de saúde sejam fundamentadas por provas científicas sólidas e estejam autorizadas pela EFSA antes de serem utilizadas nos rótulos ou materiais promocionais.


Rotulagem e Informação ao Consumidor


A rotulagem de alimentos contendo probióticos deve cumprir o Regulamento (UE) n.º 1169/2011, que estabelece requisitos de informação aos consumidores, incluindo:


  • Denominação do Alimento: Deve refletir a natureza do produto e indicar a presença de probióticos.

  • Lista de Ingredientes: Incluindo os nomes científicos das estirpes probióticas utilizadas.

  • Informação Nutricional: Detalhando os valores nutricionais e a quantidade de probióticos presentes.

  • Alergénios: Identificação clara de quaisquer potenciais alergénios.


Além disso, qualquer alegação de saúde deve ser clara, precisa e não induzir o consumidor em erro, estando em conformidade com as autorizações da EFSA.


Procedimentos para Introdução no Mercado Português


Antes de comercializar alimentos com probióticos em Portugal, é necessário:


  • Notificação às Autoridades Competentes: Para suplementos alimentares, por exemplo, é obrigatória a notificação à Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV), fornecendo informações detalhadas sobre o produto.

  • Conformidade com Normas de Higiene e Segurança: Implementação de sistemas baseados nos princípios do HACCP (Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controlo) para garantir a segurança alimentar.

  • Verificação de Novos Alimentos: Se o probiótico ou o alimento em questão for considerado um "novo alimento" (novel food), deve cumprir o Regulamento (UE) 2015/2283, que exige uma avaliação de segurança e autorização prévia antes da comercialização.


Considerações Finais


A introdução de alimentos com probióticos no mercado português requer uma compreensão detalhada e cumprimento rigoroso das regulamentações da UE e de Portugal. As empresas devem assegurar que os seus produtos são seguros, rotulados de forma transparente e que quaisquer alegações de saúde são cientificamente comprovadas e autorizadas. A consulta a especialistas em regulamentação alimentar e a manutenção de atualizações constantes sobre alterações legislativas são passos fundamentais para o sucesso e conformidade no mercado.


Para informações adicionais e atualizadas, recomenda-se a consulta aos seguintes recursos oficiais:



Manter-se informado e em conformidade com as regulamentações é essencial para garantir a segurança dos consumidores e o sucesso no mercado de alimentos com probióticos.


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